domingo, 29 de junho de 2014

Balanço do Primeiro Semestre...
começo lento, mas saíram 13 peças

Está chegando ao fim dos primeiros 6 meses deste ano e com isso também terminam as atividades deste primeiro semestre na construção do Veleiro Gabí. 

Resolvi dar uma olhada geral no que aconteceu nesse início da construção em um Estaleiro Amador, pois nessas últimas semanas considerando o meu caminhar cabisbaixo, precisava de uma injeção de ânimo. 

Foi um semestre cheio de atividades extras na reconstrução da minha vida... e, naturalmente que a velocidade na execução das peças ficaram comprometidas. No entanto, apesar de tudo isso e com as dificuldades naturais do Caminho, observo que os progressos foram bons.

Estou feliz ao registrar o progresso neste início de construção amadora... foi lento, custoso, difícil de engrenar... mas, posso garantir que me encheu de forças para o próximo semestre, fazendo jus à construção amadora, amadora mesmo.

Revendo os meus apontamentos deste início de ano, aproveitei para estruturar um sistema de identificação das peças à medida que ficarem prontas na marcenaria. Já faz tempo que venho tentando pensar em algo prático, bonito e que me ajude a registrar a história dessa Construção. 

E, vejam o detalhe: tudo pirografado!


pirografando cada peça
peça #13... 13 foi o dia em que você chegou, Gabí
  • #13: indica o número da peça que acaba de sair do forno, não precisa ser um único item, pois também pode ser a montagem de várias peças. Enfim, a minha ideia é à medida que elas forem ficando prontas (ainda sem o acabamento de superfície) eu as vá identificando.
  • 2 corações: é nossa marca registrada, desde os tempos que começamos a caminhar juntos. Débora e eu há mais de 37 anos... e, fazê-los pirografados em madeira me faz lembrar dos porta-guardanapos que o Paulo fez para o Chá da Débora antes do casamento.
  • Data de conclusão, nome da peça e identificação dela na estrutura (seção) do Veleiro, pois ajudam a registrar a história dessa construção. 
  • BB ou BE: na maioria das vezes haverá a identificação se é de bombordo ou boreste e à qual seção ela pertence. 
  • 3.0: indica a seção à que a peça pertence.


Gostei!

Resultado dos primeiros 6 meses: ficaram prontas as primeiras 13 peças... 
  • e, não poderia deixar de ser o número 13

Caminho firme na construção de um tributo à Gabí que chegou na nossa vida no dia 13... 
  • é 13 pra todo lado!!!
Agora é seguir em frente, pisar firme no acelerador, otimizar as atividades, muitas horas na oficina para a produção de muitas peças nestes próximos 6 meses.

7 Vaus: 
  • 4 Vaus do Convés das seções 0.0, 0.5, 1.0, 1.5
  • 3 Vaus do Convés com Vaus da Cabine das seções 2.0, 2.5 e 3.0.

3 pares Cavernas: 
  • 6 Cavernas das seções 1.0, 1.5 e 2.0

peças do primeiro semestre sendo pirografadas



sexta-feira, 20 de junho de 2014

Capitão...
este veleiro já tem um

Agora é pra valer e estou muito contente. Apesar da vontade de um resultado positivo, já estava planejando retomar minha preparação para a prova do segundo semestre.

Uau... mas, na véspera do feriado quase à noitinha, recebi a notícia que me deixou muito feliz. A nova patente estava lá... Capitão Amador!

Foi raspando, mas entrou.
Tocou na trave, mas entrou.
E, na prova dos nove, meu nome estava na lista em preto... não em vermelho como daqueles que precisarão caminhar mais um pouco para chegar lá.

Desde que decidi construir um veleiro, paralelamente comecei a me preparar para comanda-lo. Ainda tenho muito trabalho pela frente, mas as habilitações além de me autorizar a ir treinando em outros veleiros alugados... me enche de força para acelerar os motores na Workshop 60ies, pois é dali que um dia sairá o Veleiro Gabí.


Arrais Amador em 2012



Mestre Amador em 2013




Capitão Amador em 2014

E, agora é só esperar a habilitação de Capitão Amador ser entregue pela Capitania dos Portos de São Paulo.

Contei com o apoio e a amizade do Grande Capitão Amigo do Mar, Carlão Polacco e de sua esposa Helena da Porthos Náutica. Ambos sempre firmes e transmitindo conhecimento e a tão necessária força para prosseguirmos independente das intempéries ou das surpresas desastrosas que podem nos sucumbir.

Muito obrigado pelo apoio!
Muito obrigado pela paciência! 

E,
Ao Eterno que permanece...
Ao Eterno Criador do Céu e da Terra...
Ao Espírito Eterno que paira eternamente sobre as Águas!
Honra e Louvor!
Muito obrigado, Pai!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Preparando um Exército...
sargentos pra toda a obra

Mesa de Trabalho pronta, agora faltam os Sargentos que vão trabalhar duro e muito firmes na laminação das peças.

Dizem que se conhece uma oficina pela quantidade de Sargentos... pois bem, acho que a minha está ficando à altura das boas marcenarias... risos!


à minha bela e meiga filha Gabriela... minha Gabí
Pesquisando na WEB nos fóruns de marcenaria descobri um marceneiro que reparte muitas das suas ideias. John Heisz tem um site que é uma verdadeira escola de marcenaria: I build it.

Seus projetos são muito bons, interessantes e ele ensina passo-a-passo como construí-los com vídeos bem didáticos e muito bem feitos. 

Tem sido minha referência em vários detalhes. E, foi ótimo. Se você gosta de marcenaria... e, não apenas de veleiros, vale a pena velejar pelos seus vídeos.

Segui cada passo que ele ensina e fui montando meus pelotões de Sargentos: 110 Sargentos... acho que estou preparado pra lutar por muitos anos.



E, como sempre precisamos adaptar alguns detalhes por conta das máquinas e ferramentas que tenho na oficina... decidi não fazer roscas no anel por onde as barras roscadas trabalham, fiz furos passantes e coloquei uma porca dentro do anel. Mais rápido e ficou funcional.

Fiz um trabalho em série, cada etapa parecia não ter fim e sempre gostei de colecionar números. Lá vão alguns dos números que colecionei ao longo desse trabalho. 

Peças de Metal: 

  • para confeccionar os Anéis utilizei Tubo de Aço Preto 1/2 C/Costura 2,25mm parede (ABNT BR 5580 Leve - 21,3mm diâmetro externo)
  • para cortar as barras utilizei Discos de Corte para Esmerilhadeira com 1 mm
  • para marcar o posicionamento utilizei punção
  • para os furos utilizei brocas de aço rápido, fazendo vários passes com brocas diferentes
    •     3 tubos de 6000 mm
    •     6 tubos de 3000 mm (corte para transporte)
    •   55 tubos de 320 mm (corte para etapa furos)
    • 440 tubos de 40 mm (anel pronto)
tubos já furados para 8 peças
suportes cortados do mecanismo de aperto
consumo de muitos discos de corte na esmerilhadeira
equipado pra luta... haja disco de corte
  • para confeccionar os parafusos utilizei Barra Roscada de Ferro 3/8" NC
  • para cortar as barras utilizei Discos de Corte para Esmerilhadeira com 1 mm
    •   28 barras de 3000 mm
    • 220 barras de 330 mm (parafuso pronto)
parafusos cortados na dimensão final
esmerilhando a rosca no corte com esmerilhadeira
parafusos prontos para serem montados
Peças de Madeira: 
  • para confeccionar as Mandíbulas utilizei Tábuas de Cedrinho de 150 mm x 23 mm de comprimentos variados
  • para os furos utilizei brocas Forstner, montei jogos de 2 mandíbulas (2 pedaços com 4 parafusos)
  • para chegar nas medidas da espessura utilizei o Desengrosso Makita
    •     16 tábuas de 3000 a 3500 mm
    •     28 ripas serradas ao meio
    •     38 ripas plainadas no desengrosso
    •   440 pedaços de 60 x 20 x 250 mm (serra circular)
    • 1320 furos de 1/2" (2 lados)
    •   880 furos de 3/4" (2 lados)
    •   880 furos de 7/8" (2 lados)
tábuas de cedrinho
tábuas plainadas e cortadas no comprimento
tábuas plainadas e na largura
corte para montar os conjuntos (par)
verificando com o modelo
pacotes montados para furação
furação do modelo com todos as marcações
furação
furação dos conjuntos
furação dos conjuntos
separando as peças, cada conjunto um par de mandíbulas
mandíbulas separadas e prontas para acabamento dos rebaixos
  • para confeccionar os Manípulos utilizei Tábuas de Marupá (Caxeta) de 150 mm x 40 mm x 1800 mm
  • para os chanfros utilizei Serra Circular e recordei os conceitos de trigonometria e desenho geométrico para calcular as medidas do Octágono e transferir para a Serra Circular
  • para os furos utilizei broca de aço rápido
    •     9 tábuas de 1800 mm (para 3 caibros)
    •   27 caibros de 40 x 1800 mm
    • 440 manípulos de 90 mm
tábuas de marupá para os manípulos
medida final em caibrinhos
manípulos prontos para o sextavado
sextavado na serra circular com dispositivo
estoque de manípulos - falta furação central
furação dos manípulos para parafuso roscado
Montagem dos Manípulos
  • para montar os Manípulos utilizei cola PUR 501 entre parafuso e manípulo, tomando o cuidado pois essa cola é expansiva
  • contei com amigos para esse trabalho, Ton e Paulo me ajudaram a ganhar produtividade, além da boa companhia
montagem parafuso e manipulo
estoque de manípulos para montagem
Vera e Paulo acumulando milhas... no preparo dos manípulos
Montagem dos Conjuntos Mecânicos
  • para a montagem do mecanismo, utilizei para cada jogo de 2 manípulos, para um HandScrew
    •   4 anéis
    • 10 roscas chatas de 5/8" UNC
    •   2 manípulos
    •   2 parafusos
    • trava rosca

sistema dos manípulos
sistema montado com  porca e contraporca

Montagem dos HandScrew
  • para a limpeza dos anéis antes da montagem final contei com a ajuda da Vera
limpeza final dos suportes para os parafusos
montagem final... 110 hand screw foram montados
Primeiro teste no trabalho árduo...
  • batalhão em forma para o trabalho
  • primeiros testes de fixação das ripas para laminação das cavernas
  • aguentarem bem o batente... já podem ganhar novas patentes
teste passado a limpo - primeira caverna laminada
laminação da primeira caverna
memória digital, quase 8 meses de trabalho, terminei os 110 sargentos em nov/2013... meu presente de aniversário!!


quarta-feira, 18 de junho de 2014

Mesa de Trabalho...
mãos à obra e muitas horas pela frente

Minha oficina precisava de uma boa mesa de trabalho. Aproveitei algumas ideias de amigos e de revistas especializadas e decidi construir uma mesa pra contar histórias ao longo desses anos.

Há muitas peças para serem laminadas e preciso de uma boa superfície de trabalho com várias alternativas de fixação.

Fixações verticais, horizontais e em qualquer lugar que eu precise fixar uma peça para lamina-la. Então, vamos gastar algumas horas nessa empreitada.

Utilizei uma folha de MDF inteira, depois revesti com retângulos de Compensado. 


placas de compensado 15 mm posicionadas sobre o MDF de 25 mm
Há muitas opções no mercado norte-americano e europeu, mas por aqui precisamos fazer algumas adaptações.

Utilizei trilhos para estantes de parede da FICO para servirem de guia com rasgo T. Nessas guias posso utilizar elementos de fixação (grampos e parafusos).


trilhos de estante FICO que servirão de guias T
Cortei pedaços de trilho, com 2 cortes a 45 graus para garantir um perfeito encaixe e permitir que os elementos de fixação corram livres nessas guias.


teste com porca sextavada no rasgo T
trilhos a 45 graus posicionados e fixados entre os compensados
Aproveitei as ideias alemãs para mesas multiuso com furos simétricos. Existem várias boas ideias de dispositivos e elementos de fixação utilizando mesas e bancadas com furos simétricos e sem miséria... vou furar à vontade.

aproveitando os rasgos T e uma base para furadeira
... iniciei a furação da mesa, seriam 432 furos
Fiz um gabarito e utilizando a própria mesa, fazia a marcação dos furos e segui fazendo furos um atrás do outro... 

1, 2, 3, 4, 5... 127, 128, 129...

gabarito da furação fixado para marcação na mesa
345, 346,347, ..., ..., ..., ..., 429,430, 431... ufa, 432 furos.

furação pronta - gostei do visual que a mesa ganhou
Depois de 432 furos e muitas horas de trabalho, o resultado final ficou muito bom. Testei vários tipos de fixação... e, ao longo da construção das peças virão outras ideias para complementarem minha Mesa de Trabalho.

furação pronta
Gostei do resultado... e, ficou muito prático para trabalhar peças pequenas ou grandes. Etapa vencida e preparado para os próximos passos.



quarta-feira, 4 de junho de 2014

No vazio há esperança...
a esperança de chegar lá.

proa vazia... um vazio no coração, que veio para ficar

Depois de um naufrágio, quando o vazio se fez presente e tem a forma da dor, da saudade e também da esperança... sigo firme, pois continuo acreditando que "não há Caminho longo, se esse Caminho estiver dentro do Caminho Eterno."

Espero seguir firme os passos de amigos que já estão chegando lá, alguns nos desenhos, outros na oficina e na bancada de trabalho, outros com o casco quase pronto, outros já viraram e continuam firmes completando o interior e convés, outros titubeando em leva-lo ao mar, outros contando os minutos para desce-lo ao mar e sair por aí, outros que já saíram como Argonautas (navegante ousado).


... pelo caminho encontrei muitas histórias marcadas pelos sonhos, pela dor, pela resiliência e pela esperança. Obrigado àqueles que compartilham suas histórias e experiências, nos mostrando as etapas pelo caminho, as dificuldades e como seguir firme não desistindo jamais.


É assim que me aventuro nessa empreitada, com o apoio daquela que faz parte da minha vida a mais de 37 anos, dos meus eternos meninos e de amigos chegados de perto e de longe... e, a saudade da minha bela, doce e meiga Gabí, que tão rapidamente passou pelas nossas vidas com graciosidade divina.


... homenageio-a com a minha vida, minha arte e meu trabalho na construção deste veleiro descrevendo neste blog minhas experiências de construtor amador e fotos que registram o caminho percorrido.



História do Veleiro Gabí ...do vazio para o Eterno!
veleirinhos que marcam o início desta [re]construção

Peça por peça, uma a uma sendo ajustadas às seções e estas ancoradas no picadeiro dando tempo para que o casco vá se fechando... e, depois haverá o outro lado, girando 180 graus para que seu interior e convés também sejam finalizados... e, um dia sair por aí, apesar da proa vazia, cheio de vida para cruzar os marés, encarar os ventos e caminhar de volta pra Casa do Pai.